'Não é pelos R$ 44, é para ninguém mais cair', diz amiga da família de Gisele Bündchen que denunciou golpe com deepfake da modelo

Estelionatários usam deepfake da modelo Gisele Bundchen para aplicar golpes O prejuízo foi de apenas R$ 44, mas a denúncia feita por uma moradora de Porto Al...

Estelionatários usam deepfake da modelo Gisele Bundchen para aplicar golpes O prejuízo foi de apenas R$ 44, mas a denúncia feita por uma moradora de Porto Alegre ajudou a Polícia Civil a desarticular uma quadrilha que teria movimentado cerca de R$ 20 milhões com golpes digitais em todo o Brasil. O grupo usava vídeos falsos, criados com tecnologia de deepfake, para simular a voz e o rosto de celebridades como Gisele Bündchen, Juliette, Angélica Huck, Maísa e Sabrina Sato. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp “Não é pelo meu dinheiro, é pelo coletivo. Essas pessoas estavam enriquecendo com mentira, e eu achei que era importante denunciar”, contou a vítima, que é amiga da família da modelo. Como o golpe aconteceu A mulher que registrou a ocorrência na polícia viu um vídeo em que Gisele Bündchen falava sobre uma promoção de kits de cuidados com a pele. Para participar, bastava responder um questionário e pagar pelo envio. "Eu acreditei porque era ela falando. Passava veracidade. No fim, paguei e nunca recebi nada", relatou. Segundo ela, o que chamou mais atenção foi a perfeição do vídeo. "Parecia realmente a Gisele, tanto a imagem quanto a voz. Não desconfiei em nenhum momento". Como conhece a família da modelo, a mulher comunicou os familiares sobre o uso da imagem de Gisele. "Falei com uma das irmãs dela, porque achei muito grave usarem a imagem dela desse jeito. Ela me ajudou a denunciar", conta. Em um desses vídeos, os criminosos usaram a imagem da modelo supostamente anunciando uma promoção em que estariam sendo dadas malas de viagem (veja o vídeo acima). O produto seria de graça, mas era necessário pagar o frete. Os interessados eram levados para um site alterado para parecer legítimo onde eram feitos os pagamentos. No entanto, após os valores serem pagos, quem pagou não recebia o produto – era dessa forma que os estelionatários lucravam. O dinheiro caía em contas de fachada. A investigação, chamada de Modo Selva, durou mais de um ano e resultou na prisão de quatro pessoas até o momento. De acordo com a polícia, os criminosos não apenas enganavam consumidores, mas também ofereciam cursos para ensinar outras pessoas a aplicar golpes. O dinheiro arrecadado era lavado em empresas fantasmas e contas de laranjas, enquanto os líderes do esquema ostentavam carros de luxo, helicópteros e viagens internacionais nas redes sociais. Em seu perfil nas redes sociais, a modelo agradeceu à polícia pelas prisões: "muito obrigada à polícia pelo empenho em encontrar esses criminosos que utilizam inteligência artificial para aplicar golpes na internet". Grupo suspeito de usar vídeo com 'deepfake' da modelo Gisele Bundchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS Polícia Civil/Divulgação Alerta da polícia A delegada Isadora Galian, titular da Delegacia de Investigações Especiais, explica que o grupo dava golpes com valores baixos para evitar registros. "Isso dava uma espécie de imunidade estatística aos criminosos. Eles sabiam que quase ninguém procurava a polícia". A Polícia Civil orienta que consumidores desconfiem de promoções imperdíveis, verifiquem sempre se anúncios partem de perfis oficiais e nunca forneçam dados pessoais em sites duvidosos. Para a vítima, o envolvimento com o registro valeu a pena: “Se ninguém fala, eles continuam enganando muita gente”. Grupo suspeito de usar vídeo com 'deepfake' da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS Reprodução Ostentação Os suspeitos foram identificados a partir de perfis falsos nas redes sociais que anunciavam as campanhas publicitárias fraudulentas. Os investigadores detalham que um dos perfis usava um nome fictício criado com dados falsos e conexão por meio de VPN para ocultar a localização de quem de fato estaria fazendo uso do perfil. Apesar disso, os perfis verdadeiros dos estelionatários foram identificados. Por meio delas, eles ostentavam os ganhos com os golpes e debochavam das vítimas. "As redes sociais dos investigados eram verdadeiras vitrines de ostentação, com veículos de luxo como Porsche Cayenne S, Range Rover Velar, BMW 430i e motocicletas BMW. Um debochou de uma vítima que havia perdido R$ 800: disse que ‘colocou R$ 200. Perdeu. Depois colocou mais 600", conta a delegada Isadora. Grupo suspeito de usar vídeo com 'deepfake' da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS Polícia Civil/Divulgação Como não cair em golpes A Polícia Civil alertar a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes: Desconfie de promoções "imperdíveis" protagonizadas por celebridades Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo Sobre denúncias, a Polícia Civil enfatiza que “uma das descobertas mais preocupantes foi constatar que a grande maioria das vítimas jamais denunciava os golpes”. "Por cobrarem valores relativamente baixos, geralmente entre R$ 20 e R$ 100, muitas pessoas simplesmente 'engoliam o prejuízo' sem procurar as autoridades. Isso criava uma situação perversa onde os criminosos tinham uma espécie de 'imunidade estatística'. Eles sabiam que a maioria das pessoas não iria denunciar, então podiam operar em massa sem medo", explica a delegada Isadora. Grupo suspeito de usar vídeo com 'deepfake' da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS Polícia Civil/Divulgação VÍDEOS: Tudo sobre o RS